Repetindo o que outros acusados já fizeram no Congresso, o bicheiro Carlinhos Cachoeira ficou calado diante da CPI que investiga as ligações dele com políticos e empresários.
A conduta do principal suspeito de conduzir um esquema de corrupção, em vários níveis, enfureceu parte dos parlamentares integrantes da CPI, que pretende quebrar o sigilo da empreiteira Delta, a principal empresa envolvida com o bicheiro.
Duas horas e meia de sessão, mais de 40 perguntas e: “estamos perguntando pra uma múmia. Não vou ficar aqui dando ouro para bandido. Chefe de quadrilha sentado com essa cara cínica”, fala a líder do partido, senadora Kátia Abreu (PSD-TO).
“O que estamos fazendo diante de um marginal, que saiu da Papuda e mantem-se com a arrogância dos livres?”, diz o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Reações ao ar de indiferença de Carlinhos Cachoeira, que orientado por advogados, disse que não poderia responder. “Somente depois da audiência que vamos ter no juiz, que se porventura, achar que eu deva contribuir, pode me chamar que eu virei pra falar, ok?”, declara Carlos Cachoeira. Não adiantou insistir. “Não falarei nada aqui”, fala Cachoeira.
O líder do PPS, Rubens Bueno, devolveu com ironia: “em homenagem ao Dia Mundial da Biodiversidade deixar uma pergunta final perguntando ao senhor Carlos Augusto: que bicho vai dar hoje?”.
O que chamou mais a atenção foi o esquema de segurança montado para o depoimento que não houve. Sem algemas, o bicheiro foi escoltado do Complexo da Papuda, onde está preso, até o Congresso.
No depoimento sem revelações, Carlinhos Cachoeira só não conseguiu esconder o nervosismo. Ao final da frustrante sessão, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), admitiu pela primeira vez, que a Delta pode ser investigada também em nacionalmente, e não só no Centro-Oeste. Segundo a Polícia Federal, a construtora abasteceu o caixa de empresas de fachada da quadrilha de Cachoeira.
Odair Cunha afirmou que o ex-diretor-regional da Delta na região Centro-Oeste movimentou as contas da matriz da empresa. “As contas da Delta Nacional, movimentadas pelo Cláudio Abreu, foram instrumento de transferência de dinheiro para empresas laranja ou empresas ligadas à organização criminosa. Esse é o indício forte”.
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